quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Pensamento

"Graças a Deus, eu não penso mais no Jorge. Pelo contrário. Eu não penso nele o dia inteiro.
Inclusive, eu já acordo pensando: eu não vou pensar nele hoje, eu não vou pensar nele hoje, eu não vou pensar nele hoje. E hoje eu não vou pensar nele. Não vou mesmo.

Nada. Vazio. Um lago límpido. Um céu azul. Passarinhos cantando. Tudo, menos o Jorge.
Eu não disse que não pensava mais nele?
Nem penso no Jorge, nem no que ele me fez, nem na falta que ele me faz, nem em telefonar pra ele, Deus me livre, nem pensar.

Se por acaso vier na minha cabeça assim, "telefone", eu penso imediatamente em outra coisa. Telefone. Graham Bell. Jingle Bells. Natal. A blusa que o Jorge me deu no ano passado. Sai, blusa que o Jorge me deu no ano passado.

Vou começar de novo.

Telefone. Graham Bell. Jingle Bells. Natal. Réveillon. Janeiro. É melhor pular o Carnaval e ir direto pra Páscoa porque pensar no Carnaval é um perigo. Maio eu pulo também. Era nosso aniversário de namoro. "Era" nosso aniversário de namoro ou "é" nosso aniversário de namoro? Tanto faz. Eu não vou pensar nisso agora. Onde é que eu estava mesmo? Eu tinha pulado maio, nosso aniversário de namoro. Então agora vem junho. Julho. Agosto. Pulo setembro. Outubro. Novembro. E já cheguei no Natal outra vez.

Olha aí. Passei o ano inteirinho e não pensei no Jorge. E nem podia.
Minha cabeça está muito ocupada com coisas muito mais importantes.
O que é que eu vou fazer da minha vida sem o Jorge, por exemplo.
E o que é que eu vou fazer da minha vida sem o Jorge, por exemplo?
O que eu quiser, ora.
Por exemplo, me matar.
Mas se eu estou pensando no que é que eu vou fazer da vida, então me matar não vale.
Vale?
Devia valer.
Se a vida é da pessoa, a pessoa faz o que quiser com ela.

Eu estava pensando no que eu vou fazer com ela ou no que eu vou fazer sem ele?
Será que pensar no pronome "ele" vale, mesmo sabendo que "ele", no caso, é o Jorge, e eu não posso pensar nele?
Vale.
Também se eu não puder pensar nem em pronome, eu vou pensar em quê?
Em mim?
Em mim.
Mas mim é pronome.
Pronome oblíquo de "eu", sempre regido de preposição.
Preposição.
A, ante, após, até, com, contra, de, desde, eu odiava quando o Jorge usava preposição errada.
"Nesses casos a gente deve de ter calma, minha filha."
"Não tem esse 'de', Jorge. O certo é: nesses casos a gente deve ter calma."
Mas eu ficava nervosíssima.
Ele me chamava de "minha filha".
Eu ficava nervosíssima.

Em que é que eu estava pensando antes de pensar que eu ficava nervosíssima mesmo?
Estava pensando em mim. Isso. Pronome oblíquo de "eu", sempre regido de...
É melhor pular a preposição e pensar em outra coisa.

Nada. Vazio. Um lago límpido. Um céu azul. Passarinhos cantando. Tudo, menos o Jorge.

Eu não disse que não pensava mais nele?"


(Adriana Falcão)


Esse texto sempre foi essencial na minha vida. A primeira vez q o li, foi há 6 anos atrás e eu lia, relia, e lia de novo, e não conseguia parar de ler... E eu já o compartilhei com várias amigas e seus "Jorges". Agora é a minha vez... Não tenho um Jorge. (Do I?). Mas, acho imprescindível que as pessoas que me rodeiam leiam essa crônica, por que parece eu falando e sempre temos um Jorge ou uma Georgete em nossas vidas (Don't we? rs)... Espero q vcs curtam!

Kisses,

Clah

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

How does it feel?

I'm not afraid of anything.
I just need to know that I can breathe.
I don't need much of anything, but suddenly...
I am small and the world is big
All around me is fast moving...
Surrounded by so many things... but suddenly (suddenly)

How does it feel to be different from me?
Are we the same?

I am young and I am free
But I get tired and I get weak.
I get lost and I can't sleep... but suddenly (suddenly)

How does it feel... to be different from me?
Are we the same?
How does it feel?

Would you comfort me?
Would you cry with me?

I am small and the world is big
But I'm not afraid of anything

sábado, 5 de janeiro de 2008

Fundo com o barco

Passei por uma fase turbulenta e confusa de emoções. Por isso andei pensando sobre os meus maiores medos na vida.

Há quem diga que o medo nos enfraquece, e acaba por censurar outras pessoas que usem da ousadia. Entretanto, creio que o medo faz parte do nosso instinto de preservação, a fim de evitar emoções negativas, experiências ruins... Mas até quando esse medo é "natural e saudável"?

Quando vou ao dentista, o "medo de doer" é natural. Dá um friozinho na barriga, assim como quando ando na montanha-russa (uma vez em nunca). O medo que a anestesia não faça efeito é paradoxal. Medo de algo que vai me fazer bem. Medo de algo que evitará a dor. (?) O medo de viver situações perigosas, adrenalina a mil, etc. Ok.

Conflitos emocionais já me fizeram ter medo do que o outro iria pensar. E é isso que me motiva a escrever esse post hoje. Isso é tremendamente nocivo. Minhas ações e pensamentos baseavam-se na aprovação do outro; eu já não era eu mesma. A definição de co-dependência define bem isso: "não se vive a própria vida, mas a de alguém o qual é colocado, aos poucos, como centro de existência na vida". Não somos nós mesmos, abdicamo-nos de nossa vida em prol da satisfação do outro. Enfim, vamos ao fundo com o barco.

Tire a venda dos olhos e veja.
Veja... nunca deixe de ser você.
E para tal, se conheça... a fundo!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Meu vício agora

"Não vou mais falar de amor
de dor, de coração, de ilusão
Não vou mais falar de sol
do mar, da rua
da lua, ou da solidão
Meu vício agora é a madrugada
Um anjo, um tigre, um gavião
que desenho acordada
contra o fundo azul
da televisão
Meu vício agora é o passar do tempo
Meu vício agora
Movimento, é o vento
É voar
Não vou mais verter
Lágrimas baratas sem nenhum por quê
Não vou mais vender
Melôs manjadas de karaokê
E mesmo assim fica interessante
Não ser o avesso do que eu era antes
De agora em diante
Ficarei assim
Desedificante"

(Paula Toller e George Israel)

Meu vício agora é esperar o tempo passar... Um vazio grande... Estranho... Saudade!
(Clara de Carvalho)



Mais longe

Às vezes, certas coisas e/ou situações nos parecem simples, à primeira vista. Tenho percebido isso com o tempo e com as pessoas que vejo. [O engraçado é que aprendizado é algo que pode demorar um pouco a ser notado!] A gente vive diferentes situações a cada dia, lida com emoções, pensamentos, reações, comportamentos. A gente vai aprendendo e nos moldando, daí a gente ganha prática. E, needless to say, experiência.

O fato é que-- a coisa mais nova que eu tive o prazer (ou desprazer: isso me persegue agora) de descobrir foi a mágica da psicanálise. Não a encare como um termo psicológico, mas como algo interessante a ser lido. Um professor meu costumava dizer que "exemplos clareiam tudo" e então dou-lhes um exemplo para que o que eu digo faça sentido (tomara!):

Minha mãe diz: Thalia, vamos à festa daquela moça que morava com o seu avô quando pequeno?
Eu digo: Ah mãe...... (pausa) Tô cansada, vou não.
Minha mãe diz: Tudo bem então.

A situação finaliza aí mesmo. Não menti, estava realmente cansada. Mas pouco tempo depois, parei e refleti. Por que será que eu realmente não quis ir? Estar cansada foi o real motivo causador da minha indisposição? E então começa a turbulenta atividade na minha cabeça. Passa mais um tempo e eu concluo, para mim mesma: "Cara, eu posso até estar cansada, mas eu não quis ir mesmo porque aquela velha é muito chata!".

Admiti para mim mesma a real origem da minha prévia atitude. Não comentei isso com minha mãe. Foi tudo processado mentalmente, em questão de minutos. Revelei-me para mim mesma. E isso é incrivelmente mágico. E inspirador. Faz com que você seja mais honesto com si mesmo. Faz com que você drible as mensagens instantâneas do inconsciente... (sou leiga: não entendo de Psicologia)... mas é algo fascinante. Questionar-se é fantástico.

Sim, Thalia, e o resultado disso tudo? Bem, eu diria que eu me sinto mais conectada ao meu interior, como se eu me conhecesse melhor. Seja lá qual for a consequência disso, conhecer a si mesmo não é algo ruim, é? Enfim, da próxima vez que eu quiser a ajuda de um namorado, por exemplo, direi: "Me ajuda aqui por favor?" ao invés de "Ah...você tá ocupado né...?"

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A confirmação

O ser humano é um bicho estranho. Tiro a mim mesma como exemplo. Pq diabos nós precisamos tanto de uma confirmação? Pq stamos sempre correndo atrás da verdade por trás da verdade? No meu caso, por que a verdade por si só não é suficiente. No entanto, a verdade por trás da verdade, ou seja, aquela que todos conseguem ver menos eu, é a única que me preenche. Não que preencha todo o vazio que estou sentindo agora. Mas preenche uma minúscula parte das minhs expectativas. Aliás, eu tinha desaprendido a ter muitas expectativas. Pq criá-las pode ser um problema, pois a gente pode se decepcionar por ter sonhado alto demais (aprendi isso com alguém especial). Por outro lado, se sonharmos razoavelmente e não realizarmos isso, a queda será menor e menos dolorida. Mas até chegar a esse estágio leva-se MUUUUITO tempo.
A confirmação chegou. Tá. E aí? E agora? Agora é hora de colocar os pensamentos em ordem. É hora de organizar. Já que faço Letras, vou organizar isso como uma redação... rs dividir em parágrafos, introdução, desenvolvimento, conclusão e só a partir daí escrever um título. A gente pensa que não, mas o título sim é o resumo de tudo... Através dele, a gente já sabe o q vem por aí...

(...)

E o meu título é: "Bruised but not Broken"...

Créditos: Joss Stone

O propósito


"Cumplicidade não é o mais brilhante, mas é o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. Não importa o tempo, a ausência, os adiantamentos, a distância ou as impossibilidades. Quando há cumplicidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto de onde foi interrompido. Cumplicidade é não haver tempo mediante a vida. É a vitória do adivinhado sobre o real, do subjetivo sobre o objetivo, do permanente sobre o passageiro, do básico sobre o superficial. Ter cumplicidade com alguém é muito raro, mas quando ela existe, não precisa de códigos verbais para se manifestar. Ela existia antes do conhecimento, erradia durante e permanece depois que as pessoas deixam de estar juntas. Cumplicidade é ficar longe, pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem e sensibilizam. Cumplicidade é receber o que vem de dentro com uma aceitação anterior ao entendimento. Cumplicidade é sentir com. Nem sentir contra, sem sentir para. Sentir com e não ter necessidade de explicação do que está a ser sentido. É olhar e perceber. Cumplicidade é um sentimento singular, discreto e independente. Pode existir a quilômetros de distância, mas é adivinhado na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar..."

(...)


Sempre me disseram que "propósito" era aquilo que dava sentido a alguma coisa. E eu sempre acreditei. Viver o nosso filme e a nossa vida é saber estar, é saber ser. E o propósito de viver baseia-se na busca pelo preenchimento da alma - seja lá com a pessoa X, ou com a faculdade Y, com a casa Z ou o carro W. Viva: aproveite. E como um amigo meu dizia, "Do what you can while you can".

O propósito desse blog é transbordar o que possa ser dito - palavras nunca vão ao vento. Elas ficam. Ah, se ficam! E nunca morrem. :)

xx

Pensando na vida...

Pensando na vida e em que sentido a vida toma quando NÓS tomamos certas decisões. E por falar em decisões, as últimas que tomei, por ainda se tratarem de um passo mais que novo na minha vida, ainda estão me atormentando. Atormentando no sentido de me deixar indecisa e confusa, sem saber se foi uma decisão certa ou não. Há um momento em nossas vidas no qual chegamos a uma parte da estrada reta em que ela se divide (é, assim como no comercial do Ecosport rs), e nós temos que escolher pra qual lado ir. Essa hora chegou pra mim e eu optei pelo lado em que fiico sozinha e tento ser feliz all by myself. O fato é que eu sei do amor q eh sentido e sei do quanto sou necessária, nesse caso. Mas essa necessidade não se trata apenas de querer estar junto, e sim de ser amparado, de ter alguém que te dê a mão...Eu também tenho essa necessidade. Todo ser humano tem. No entanto, a minha maior necessidade é a de ter um companheiro. Não aquele alguém dos momentos bons e ruins, na alegria e na tristeza, blá blá blá. E sim, alguém que esteja comigo em todos os momentos... TODOS. Incondicionalmente. A dor de deixar pra trás esse alguém é muito grande. Ouvir as pessoas dizerem: "Vai passar, você vai superar, você é isso, você é aquilo, etc" não me faz nenhuma diferença. Eu não quero ouvir o q eu já sei. Quando uma pessoa está perdida, é óbvio que ela quer saber pra onde ir. E se ela não consegue saber pra onde ir, ela precisa de alguém que lhe guie e tente lhe mostrar o que é melhor, o q essa pessoa faria se não estivesse perdida. Esse alguém tão necessário é um AMIGO. Infelizmente, com todos os bons momentos, o bom amigo soh pode ser realmente reconhecido nos maus momentos. São aqueles que sabem dizer a coisa certa na hora certa. Ou aqueles que sabem fazer o carinho certo no lugar certo. E, no meu caso, os que sabem estar no LUGAR certo, na HORA certa.