"Graças a Deus, eu não penso mais no Jorge. Pelo contrário. Eu não penso nele o dia inteiro.
Inclusive, eu já acordo pensando: eu não vou pensar nele hoje, eu não vou pensar nele hoje, eu não vou pensar nele hoje. E hoje eu não vou pensar nele. Não vou mesmo.
Nada. Vazio. Um lago límpido. Um céu azul. Passarinhos cantando. Tudo, menos o Jorge.
Eu não disse que não pensava mais nele?
Nem penso no Jorge, nem no que ele me fez, nem na falta que ele me faz, nem em telefonar pra ele, Deus me livre, nem pensar.
Vou começar de novo.
Telefone. Graham Bell. Jingle Bells. Natal. Réveillon. Janeiro. É melhor pular o Carnaval e ir direto pra Páscoa porque pensar no Carnaval é um perigo. Maio eu pulo também. Era nosso aniversário de namoro. "Era" nosso aniversário de namoro ou "é" nosso aniversário de namoro? Tanto faz. Eu não vou pensar nisso agora. Onde é que eu estava mesmo? Eu tinha pulado maio, nosso aniversário de namoro. Então agora vem junho. Julho. Agosto. Pulo setembro. Outubro. Novembro. E já cheguei no Natal outra vez.
Olha aí. Passei o ano inteirinho e não pensei no Jorge. E nem podia.
Minha cabeça está muito ocupada com coisas muito mais importantes.
O que é que eu vou fazer da minha vida sem o Jorge, por exemplo.
E o que é que eu vou fazer da minha vida sem o Jorge, por exemplo?
O que eu quiser, ora.
Por exemplo, me matar.
Mas se eu estou pensando no que é que eu vou fazer da vida, então me matar não vale.
Vale?
Devia valer.
Se a vida é da pessoa, a pessoa faz o que quiser com ela.
Eu estava pensando no que eu vou fazer com ela ou no que eu vou fazer sem ele?
Será que pensar no pronome "ele" vale, mesmo sabendo que "ele", no caso, é o Jorge, e eu não posso pensar nele?
Vale.
Também se eu não puder pensar nem em pronome, eu vou pensar em quê?
Em mim?
Em mim.
Mas mim é pronome.
Pronome oblíquo de "eu", sempre regido de preposição.
Preposição.
A, ante, após, até, com, contra, de, desde, eu odiava quando o Jorge usava preposição errada.
"Nesses casos a gente deve de ter calma, minha filha."
"Não tem esse 'de', Jorge. O certo é: nesses casos a gente deve ter calma."
Mas eu ficava nervosíssima.
Ele me chamava de "minha filha".
Eu ficava nervosíssima.
Em que é que eu estava pensando antes de pensar que eu ficava nervosíssima mesmo?
Estava pensando em mim. Isso. Pronome oblíquo de "eu", sempre regido de...
É melhor pular a preposição e pensar em outra coisa.
Nada. Vazio. Um lago límpido. Um céu azul. Passarinhos cantando. Tudo, menos o Jorge.
Eu não disse que não pensava mais nele?"
Esse texto sempre foi essencial na minha vida. A primeira vez q o li, foi há 6 anos atrás e eu lia, relia, e lia de novo, e não conseguia parar de ler... E eu já o compartilhei com várias amigas e seus "Jorges". Agora é a minha vez... Não tenho um Jorge. (Do I?). Mas, acho imprescindível que as pessoas que me rodeiam leiam essa crônica, por que parece eu falando e sempre temos um Jorge ou uma Georgete em nossas vidas (Don't we? rs)... Espero q vcs curtam!
Kisses,
Clah
Um comentário:
tu ta de kaooooo neeee!!!! ler isso tudo rsss nao rola rss bjsssss
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